Qual é a relação entre a disciplina e a aprendizagem? Resposta: trata-se de uma relação diretamente proporcional, na medida em que quanto mais se aprende mais o candidato tende a se tornar disciplinado.
O objetivo do presente texto consiste no desenvolvimento desta relação, por meio da apresentação de fundamentos para a sustentação da afirmação colocada, com o desenvolvimento de conceitos de grande utilidade para aqueles que vêem empreendendo seus esforços na busca da aprovação no concurso público.
A disciplina e a aprendizagem articuladas geram um espetacular círculo virtuoso, com repercussões tanto para a disciplina, quanto para a aprendizagem.
Em relação à aprendizagem, há dois fundamentos relevantes que sustentam a compreensão apresentada.
O primeiro consiste na idéia da plasticidade cerebral, o qual consiste em conceito estabelecido no âmbito da neurociência, envolvendo uma lógica de adaptação e ampliação da atividade do cérebro, em função das demandas submetidas por meio de estímulos. Ou seja, quanto mais se fortalece e cria conexões, mais aumenta a capacidade de respostas.
Outro conceito relevante sobre a aprendizagem envolve a dinâmica dos processos cognitivos. E existem diversos fundamentos consistentes para justificar esta noção.
Dentre estes, destaca-se as construções de David Ausubel, importante autor sobre teorias da aprendizagem, integrante do paradigma que agrega as chamadas teorias cognitivistas. Segundo Ausubel, o processo de aprender deve se desenvolver por meio ancoragens, de modo que uma nova informação, para que seja apropriada intelectualmente, deve ser compreendida a partir de um conceito anterior. Esta noção envolve as âncoras ou subsunçores,conforme denomina o autor.
Trazendo tal compreensão para a realidade da preparação para o concurso público, um exemplo prático seria a idéia de que para aprendermos a classificação das constituições, quanto à mutação constitucional, o que envolve as espécies rígida, semi-rígida e flexível, é preciso entender a diferença entre poder constituinte originário e derivado. Ou seja, como poderia entender o conceito de mudança do texto constitucional, se não domino o conceito de poder constituinte derivado? Da mesma forma, para entender o conceito de tributo, nos termos do art. 3º do Código Tributário, preciso contar com a apropriação intelectual e cognitiva do conceito de ato administrativo vinculado, o que pressupõe a compreensão do conceito de ato administrativo e da diferença para o ato discricionário.
Assim, partindo das referidas premissas relacionadas à aprendizagem, é preciso compreender que, quanto mais estudamos, inclusive de forma disciplinada, mais âncoras criamos. Neste sentido, venho sustentando que o avanço da dinâmica da aprendizagem, no caso, não ocorre em progressão aritmética (PA), mas em progressão geométrica (PG).
E daí vem a relação entre a aprendizagem e a disciplina.
A ampliação da plasticidade cerebral, bem como os avanços do domínio de âncoras conceituais, tende, de forma lógica e natural, a fazer com que, por um lado, os desgastes e os esforços cognitivos diminuam. Por outro lado, até como conseqüência da diminuição do desgaste intelectual, também tende a tornar a aprendizagem e os estudos voltados à preparação para seleções classificatórias até mesmo mais prazerosos.
Portanto, é preciso que o candidato tenha consciência e compreenda três idéias fundamentais: (1) quanto mais disciplinado e emprenhado se mantém, mais tende a minimizar o desgaste dos estudos e mais aumenta suas capacidade cognitiva, tornando a preparação para o concurso inclusive mais prazerosa; (2) com isto, reforça e alimenta a disciplina; (3) também é importante entender que a apropriação intelectual dos conceitos estudados pode funcionar como âncoras conceituais, enquanto antecedentes lógicos, para a apropriação de novos conceitos.
Bons estudos, com disciplina, avanço na aprendizagem, nas âncoras e na plasticidade!