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CPI do Feminicídio discute políticas de proteção às mulheres com gestores estaduais
Publicado em 12 de novembro de 2019A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Feminicídio da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou sessão pública, nesta terça-feira (12), para dar prosseguimentos às oitivas da CPI. O encontro contou com a participação de gestores estaduais, que trabalham com políticas de proteção às Mulheres, além de discutir avanços e desafios de investigação nos casos de violência contra a mulher.
A presidente da CPI, a deputada Cida Ramos (PSB), destacou o papel do Poder Público na construção e consolidação de uma política de enfrentamento ao ciclo de violência contra às mulheres na Paraíba.
“Essa oitiva é fundamental, pois estamos dando continuidade a um trabalho já inicializado desde os primeiros dias de gestão da CPI do Feminicídio. Um dos nossos principais objetivos é possibilitar a formulação de políticas públicas destinadas ao enfrentamento da violência contra às mulheres. Precisamos ampliar a discussão de gênero, que é nada mais do que construir uma cultura de paz e de igualdade”, afirmou.
“É nosso papel fortalecer as políticas de proteção às mulheres, em um trabalho integrado entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Para enfrentar esse grave problema social é preciso estimular múltiplas ações no que diz respeito à prevenção, assistência, repressão e participação social”, acrescentou.
A secretária estadual da Mulher e Diversidade Humana, Gilberta Santos Soares, ressaltou a importância do trabalho institucional na implantação de diretrizes para o enfrentamento ao feminicídio.
“Nós temos uma gama de serviços e ações que se dedicam à proteção das nossas mulheres. Instituímos, por exemplo, o Conselho Estadual da Mulher, que está ativo e em pleno funcionamento, com representações diversas de mulheres. Discutimos também com diversos órgãos estaduais e o Judiciário ações conjuntas de enfrentamento à violência contra a mulher, a partir de diversos espaços de articulação e construção coletiva”, disse.
Gilberta Soares acrescentou que em 2019 a secretaria da Mulher deu “um grande salto com a implantação da Patrulha Maria da Penha, que já contabilizou 1.020 atendimentos”. “Ou seja, cada vez mais mulheres estão rompendo com o ciclo de violência”, completou a secretaria.
Já a secretária do Desenvolvimento Humano, Gilvaneide Nunes, lembrou da necessidade de se repensar o orçamento das pastas que trabalham com a política de proteção às mulheres. “Só se faz política pública com orçamento, por isso destacamos a necessidade desta CPI fortalecer esse debate na Assembleia Legislativa. É importantíssimo que possamos redirecionar o orçamento às secretarias, para pensarmos num plano estratégico e educacional de combate à essa violência que vitimiza tantas mulheres”, frisou.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Crimes contra a Pessoa de João Pessoa, Carlos Othon Mendes, uma das principais dificuldades enfrentadas para a conclusão dos inquéritos desse tipo de crime ainda é a própria relação afetiva entre a vítima, o criminoso e os familiares.
“Essa característica atrapalha a investigação, pois o executor na maioria das vezes tenta forjar o cenário do crime, criando medidas para dificultar a investigação. E é nesse sentido que realçamos a parceria com secretarias de estado, órgãos protetivos, que muitas vezes dispõe de alguma ficha de ocorrência. O feminicídio é uma qualificadora do homicídio, e por isso precisamos ter um olhar diferenciado, para que esse crime hediondo seja tratado como tal”, afirmou.
O secretário executivo da Segurança e da Defesa Social, Coronel Lamark Victor Donato, enfatizou que a política do órgão é o fortalecimento do trabalho para as elucidações dos crimes. Segundo ele, desde 2011 a secretaria reduziu em 42% os crimes contra às mulheres, e “a única explicação possível é a construção das políticas públicas”. “Essa tipificação criminal pode parecer simples, mas não é. Traçamos um longo caminho para levarmos esses crimes a responsabilização nos tribunais. Ainda assim, de forma geral, temos um índice de 78% de resolutividade”, observou.
Também participaram da reunião o deputado Wilson Filho; Adélia de Moura, representante da Secretaria da Saúde; Elisângela Inácio, da Universidade Federal da Paraíba; e o Major Vinicius César, do Núcleo de Análise Criminal e Estatística, da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social da Paraíba.
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