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Assembleia debate impactos da MP do Ensino Médio em Audiência Pública
Publicado em 21 de outubro de 2016A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), através da Comissão de Educação, realizou na manhã desta sexta-feira (21) Audiência Pública para debater a Defesa da Educação no Brasil e os impactos causados pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/16 e pela Medida Provisória (MP) 746/16, conhecida como MP do Ensino Médio. A audiência aconteceu no Plenário Deputado José Mariz, na ALPB, e foi proposta pela deputada estadual Estela Bezerra. O objetivo do evento foi convocar autoridades da área da Educação e representantes da sociedade civil organizada para, na Casa de Epitácio Pessoa, dialogar sobre ambas as matérias.
A PEC 241, de autoria do presidente do Poder Executivo Nacional e que já foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados no último dia 10, visa instituir por 20 anos o Novo Regime Fiscal para todos os Poderes da União fixando para cada ano o para a despesa primária do Poder Executivo, Judiciário e Legislativo. De acordo com a matéria, os valores fixados serão corrigidos em cada ano pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Já a MP 746, promove alterações na estrutura do ensino médio implantando escolas de tempo integral, determinando as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática como obrigatórias, assim como o ensino da Língua Inglesa a partir do sexto ano e restringindo a obrigatoriedade das disciplinas de Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia.
Para a deputada Estela Bezerra, é extremamente relevante provocar estudantes, professores e associações para debater a respeito das alterações que podem vir a serem feitas no ensino médio. “A Medida Provisória 746 altera toda a grade programática, a Lei de Diretrizes Básicas da Educação e anula, entre outras coisas, um plano decenal, que nós acabamos de aprovar em todos os estados. (…) Estamos assistindo um verdadeiro ataque ao nosso conceito civilizatório e à construção histórica que estamos fazendo da civilização”, ressaltou Estela.
Sobre a PEC 241, a parlamentar acrescentou que a matéria propõe congelar investimentos nas principais políticas públicas do país, a exemplo da Saúde, Educação e Assistência Social. “Veremos uma retirada da obrigatoriedade da educação infantil e a falta de investimentos na educação superior. Conjugadas, a PEC 241 e a MP 746, nós teremos um dano inimaginável na educação pública brasileira”, afirmou.
O deputado estadual Anísio Maia também se posicionou contrário a MP 746 e a PEC 241. Para o parlamentar, a gestão do presidente Michel Temer não possui credibilidade para implementar essas medidas e é preciso que a população se posicione contra ao que vem sendo determinado. “Temos ao nosso favor apenas o processo de mobilização. O setor educacional é o mais organizado na resistência. A juventude estudantil deve se energizar e iniciar este grande movimento”, afirmou Anísio Maia. Ele avaliou a audiência pública como excelente pela participação de autoridades e conhecedores das matérias temas do debate.
O diretor de Política Educacional e Científica da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba, professor Alexandre Nader, declarou ser contrário a elaboração e aprovação da MP 746, proposta pelo Poder Executivo Nacional. De acordo com Nader, as alterações propostas pela medida é um desrespeito a todos os envolvidos na educação do país. “Estamos diante de uma questão extremamente grave, que atinge uma parcela muito grande e majoritária da população brasileira, a imposição de uma reforma educacional suprimindo qualquer possibilidade de debate para a formulação de seu conteúdo”, afirmou.
Para a representante da Frente Povo Sem Medo e professora do curso de Direito da UFPB, Ana Lia Almeida, a PEC 746 suspende investimentos públicos por vinte anos e nega direitos importantes do povo. “Ainda não tínhamos nem alcançado os investimentos mínimos em Saúde e Educação garantidos pela Constituição desde 1988 e, com essa PEC, este ‘mínimo’ fica proibido de ser alcançado”, disse a professora.
O professor doutor em Filosofia da Educação, Roberto Rondon, ressaltou que algumas declarações, relacionadas à MP 241, que vêm sendo divulgadas não são verdadeiras. De acordo com o professor, a possibilidade de escolha de disciplinas por parte dos estudantes tem sido anunciada com muita força, no entanto, esta afirmativa é falsa, já que esta opção não está exposta na MP. “São as secretarias estaduais de Educação quem farão essas escolhas e não os estudantes. O que está acontecendo é a retirada de diretos dos estudantes terem uma formação completa na educação pública”.
O vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes (UBES) na Paraíba, Wesley Lourenço, não aprova a MP, principalmente, por, segundo ele, promover a desvalorização do pensamento crítico dos estudantes com a desobrigação de disciplinas relevantes para a grade curricular dos alunos. “Estão querendo construir uma sistemática robótica, ou seja, preparar jovens para serem operários no mercado de trabalho. A Educação não pode perder o seu papel fundamental, que é a formar o senso crítico dos estudantes”, afirmou o estudante.
A audiência também contou com a presença da secretária executiva de Estado da juventude, Priscila Gomes; do gerente operacional de Ensino Fundamental Isaac Santos, representando o secretário de Estado da Educação Aléssio Trindade; da secretária executiva de Estado da Articulação dos Municípios, Cláudio Veras; da secretária executiva de estado da Segurança Alimentar, Ana Paula; da representante do Levante Popular da Juventude, Élida Helena; do representante do Sindicato dos Professores da Universidade Estadual da Paraíba, professor Leonardo Soares; do coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação da Paraíba (Sintep), José Carlos Berlarmino; do representante da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Josevaldo Cunha; do representante da União Brasileira dos Estudantes, Wesley Lourenço; do representante da Frente Popular Escola Sem Mordaça, professor Antônio Radical, além de representantes de coletivos de estudantes e de juventudes, professores, alunos secundaristas, estudiosos da área da Educação e entidades da organização civil.